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2012 - Livro Vermelho 2013

Davilla glaziovii Eichler CR

Informações da avaliação de risco de extinção


Data: 19-09-2012

Criterio: B1ab(iii)+2ab(iii)

Avaliador: Diogo Marcilio Judice

Revisor: Tainan Messina

Analista(s) de Dados: CNCFlora

Analista(s) SIG: Marcelo

Especialista(s):


Justificativa

Davilla glaziovii é endêmica do Estado do Rio de Janeiro, com EOO de 1,45 km² e provavelmente restrita a regiões de Floresta Ombrófila submontana e montana com altitudes em torno de 600 a 700 m na Baixada Fluminense e na subida para a Serra dos Órgãos. Atualmente, a espécie é conhecida por apenas uma população localizada na Serra do Mendanha, divisa dos municípios de Campo Grande, Mesquita, Nilópolis e Nova Iguaçu. A espécie está presente no Parque Municipal da Serra do Mendanha, criado em 1993, porém essa área foi transformada em objeto de relevante interesse social, possibilitando a expansão das chácaras e sítios na região. Além disso, o caule da espécie é utilizado para fins medicinais, sendo comercializado em regiões vizinhas como cipó-de-Santa Luzia. Essa localidade sofreu pressões antrópicas já no século XVII, pois, em 1603, as terras já serviam como área para plantações de cana e construção de engenhos de açúcar. A implantação da fábrica da Companhia Progresso Industrial do Brasil, em 1893, também marca a história da região. A urbanização tornou-se responsável pelo aumento da pressão antrópica sobre os já degradados ecossistemas locais que, desde o Brasil colonial, vinham sofrendo as consequências negativas dos ciclos agrícolas. A espécie vem enfrentando declínio contínuo da qualidade do hábitat, estando associada a apenas uma situação de ameaça. Foi categorizada como "criticamente em perigo" (CR).

Taxonomia atual

Atenção: as informações de taxonomia atuais podem ser diferentes das da data da avaliação.

Nome válido: Davilla glaziovii Eichler;

Família: Dilleniaceae

Mapa de ocorrência

- Ver metodologia

Informações sobre a espécie


Notas Taxonômicas

Espécie conhecida popularmente como "erva-de-santa-luzia" e "cipó-caboclo" (MMA, 2008).

Dados populacionais

​Segundo Fraga (2012b) a espécie é conhecida apenas por uma única população.

Distribuição

Espécie endêmica doBrasil, de ocorrência em Mata Atlântica, exclusivamente no Estado do Rio deJaneiro (Fraga, 2012). Davilla glaziovii possui distribuição restrita a uma pequena região do Rio de Janeiro (Fraga, 2012b).

Ecologia

Trepadeira volúvel (Fraga, C. N., 2214, RB 550355), escandente, semiumbrófila (Sucre, D., 6603, RB 75011), esciófila (Martinelli, G., 4143, RB 74990). As flores do gênero Davilla são bissexuadas (Bruniera; Groppo, 2010).

Ameaças

1.4.2 Human settlement
Incidência local
Detalhes Sua inclusão pelo MMA (2008) na lista de espécies ameaçadas de extinção da flora do Brasil (Anexo I) não se deu apenas em função de sua distribuição restrita à área peri-urbana, mas pelas ameaças que a única população conhecida vem sofrendo. Recentemente a área do Parque Municipal da Serra do Mendanha, onde a espécie é encontrada, foi transformada em área de relevante interesse social, possibilitando a expansão das chácaras e sítios na região (Fraga, 2012b).

3.2.1 Subsistence use/local trade
Detalhes O caule da espécie é utilizado para fins medicinais, sendo comercializado em regiões vizinhas como "cipó-de-Santa Luzia" (Fraga, 2012b).

1.1.1 Crop
Detalhes Apesar de estar situada em um Parque Ecológico criado em 1993, a única localidade de ocorrência da espécie sofreu pressões antrópicas ainda no século XVII, pois em 1603 as terras já serviam como áreas para plantações de cana e para a construção de engenhos de açúcar. Os registros do século passado apontam a presença de cafezais. A cultura do café perdurou até find do século XIX, onde os espaços utilizados para plantação de café reorientaram-se no sentido da rápida urbanização (http://www.institutoiguacu.com.br/Parques/mendanha.htm)..

1.4.1 Industry
Incidência local
Detalhes A implantação da fábrica da Companhia Progresso Industrial do Brasil, em 1893, também marca a história da área. A necessidade de captação d'água levou a fábrica a construir um reservatório na Serra do Mendanha, acompanhado de um aqueduto. A urbanização torna-se, então, responsável pelo aumento da pressão antrópica sobre os já degradados ecossistemas locais que, desde os ciclos agrícolas do Brasil colonial, vinham sofrendo suas conseqüências negativas (http://www.institutoiguacu.com.br/Parques/mendanha.htm).

Ações de conservação

1.2.1.2 National level
Situação: on going
Observações: A espécie foi considerada "Criticamente em perigo" (CR) na Lista vermelha da flora do Brasil (MMA, 2008), anexo 1.

4.4 Protected areas
Situação: on going
Observações: A espécie ocorre no Parque Estadual Municipal do Mendanha. Apesar de secundárias, as matas que compõem o Parque estão, na sua maior parte, em avançado estágio de regeneração (http://www.institutoiguacu.com.br/Parques/mendanha.htm)

3.8 Conservation measures
Situação: on going
Observações: Restam apenas poucos fragmentos florestais circundados pela zona urbana da segunda maior cidade do Brasil. Tudo isso justifica a manutenção dessa espécie na categoria "Criticamente em Perigo" (EN) de acordo com os critérios da IUCN (Fraga, 2012b)

Referências

- FRAGA, C. N. Dilleniaceae in in Lista de Espécies da Flora do Brasil, Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponivel em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB007345>. Acesso em: 26 de Julho de 2012.

- FRAGA, C. N. (A). Dilleniaceae. In: GIULIETTI, A. M.; RAPINI, A.; ANDRADE, M. J. G. DE ET AL Plantas Raras do Brasil. Belo Horizonte, MG: Conservação Internacional - CI, p.496, 2009.

- MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Instrução Normativa n. 6, de 23 de setembro de 2008. Espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção e com deficiência de dados, Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 24 set. 2008. Seção 1, p.75-83, 2008.

- INSTITUTO IGUAçU. Instituto Iguaçu: Pesquisa e Preservação Ambiental. Disponivel em: <http://www.institutoiguacu.com.br/Parques/mendanha.htm>. Acesso em: 26 de Julho de 2012.

- BRUNIERA, C. P.; GROPPO, M. Flora da Serra do Cipó, Minas Gerais: Dilleniaceae. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo, v. 28, n. 1, p. 59-67, 2010.

- CLÁUDIO NICOLETTI FRAGA (B). Filogenia e Revisão Taxonômica de Davilla Vand. (Dilleniaceae). Tese de Doutorado. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2012.

Como citar

CNCFlora. Davilla glaziovii in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Davilla glaziovii>. Acesso em .


Última edição por CNCFlora em 19/09/2012 - 17:40:00